O que marcas como Duolingo, Fenty e Jaguar ensinam sobre branding, posicionamento e conexão com o público jovem
Você já parou para pensar em como algumas marcas conseguiram se manter relevantes mesmo depois de décadas no mercado? A resposta pode estar em uma palavrinha que tem ganhado cada vez mais força: reinvenção.
As novas gerações não consomem apenas produtos. Elas consomem ideias, causas e atitudes, e esperam se conectar a marcas com propósito, posicionamento bem definido e personalidade. Cores, fontes, personagens e campanhas fazem parte de uma identidade que precisa dialogar com quem está do outro lado da tela.
O marketing atual exige conexão emocional, narrativas autênticas e coragem para romper com o tradicional. Vamos entender como algumas marcas fizeram esse movimento na prática.
Duolingo
O Duolingo virou referência em branding ao transformar sua mascote, a coruja Duo, em um verdadeiro influencer. A empresa entendeu que, para crescer, não basta oferecer um bom produto, é preciso se tornar inesquecível.


No TikTok, Duo passou a protagonizar conteúdos irreverentes e debochados, com memes que brincavam com a culpa de quem abandonava o aplicativo e interações cômicas com outras marcas. Esse tom autêntico aproximou a marca do público jovem, gerando engajamento orgânico e alcance viral.
Mas não é só sobre humor. O Duolingo investe em growth marketing com testes A/B frequentes, segmentação inteligente de audiências e ativações personalizadas.
Além disso, a experiência do usuário é centrada em gamificação, com missões diárias, prêmios visuais e ranking entre amigos. Tudo isso contribui para manter o usuário ativo e engajado.
Fenty Beauty
Idealizada por Rihanna, a Fenty Beauty chegou ao mercado para preencher uma lacuna. A proposta era simples e revolucionária: oferecer maquiagem para todos os tons de pele. Logo no lançamento, a marca apresentou 40 tonalidades de base, mostrando que inclusão era mais do que discurso.

Esse posicionamento mexeu com toda a indústria da beleza, que precisou se atualizar diante da resposta positiva do público. A comunicação da Fenty é diversa, realista e humanizada.

As campanhas trazem modelos com diferentes tipos de corpo, estilos e identidades. O propósito? Mostrar que o conteúdo é acessível e autêntico, e viraliza pelo que representa. O resultado é uma legião de fãs que consome, mas também defende a marca.

Rebranding de marcas que não saiu como o esperado
Boca Rosa
Lançada com grande expectativa, a Boca Rosa usou a força da influenciadora Bianca Andrade para se posicionar junto ao público jovem. No início, a marca era vibrante, colorida e conectada com o estilo da criadora.
No entanto, o reposicionamento recente dividiu opiniões. A nova identidade visual apostou em tons acinzentados, minimalismo e um discurso de sofisticação. O problema é que parte do público se sentiu desconectado da proposta.
As críticas recaíram sobre a falta de coerência e a dificuldade de entender a nova proposta. A comunicação perdeu força, e o branding deixou de refletir a trajetória da influenciadora, que antes apostava em tons de rosa, fazendo jus ao próprio nome da marca. Segundo a CEO, o objetivo é competir com grandes marcas do mercado de beleza nacional.

O caso levantou uma discussão importante: a reinvenção precisa considerar quem já faz parte da jornada. Mudar é importante, mas ouvir o consumidor e manter consistência é essencial.
Jaguar
A Jaguar decidiu dar um passo audacioso e se reposicionar como uma marca 100% elétrica até 2025. A ideia era clara: alinhar luxo à sustentabilidade. Mas o caminho escolhido gerou controvérsias.

O novo posicionamento foi considerado genérico por especialistas. A marca abandonou traços clássicos que carregavam sua identidade luxuosa e esportiva. O novo logo, mais simplificado, e o tom neutro da comunicação foram vistos como frios e distantes da herança emocional da Jaguar. Nas redes, consumidores questionaram a mudança.
Parte do público não reconheceu a marca, e o rebranding foi associado à perda de identidade. Apesar da intenção de avançar em sustentabilidade e mobilidade elétrica, a Jaguar enfrenta agora o desafio de reconstruir confiança sem abrir mão de sua essência.

E o que tudo isso tem a ver com o futuro do branding?
Essas marcas mostram que, para se manter relevante, é preciso sair da zona de conforto. E isso vale tanto para quem acerta quanto para quem erra. Duolingo e Fenty são exemplos de marcas que ousaram, entenderam seu público e construíram estratégias consistentes. Já Boca Rosa e Jaguar mostraram que a ousadia, sem escuta ativa e conexão real, pode gerar ruído.
Reinventar exige coragem. Às vezes, isso significa dar um passo que ninguém espera. Outras vezes, significa reconhecer que a escolha feita não funcionou e voltar atrás. O importante é entender que o branding de hoje é feito de movimento, adaptação e escuta.
As marcas que estiverem dispostas a arriscar, ouvir e corrigir a rota quando for preciso, são aquelas que continuarão relevantes no futuro.