A geração madura redefine comportamento, poder de compra e impõe uma nova lógica ao marketing contemporâneo

Durante anos, o marketing concentrou seus esforços na juventude, por acreditar que inovação, desejo e influência pertenciam apenas a ela. Mas o cenário de 2025 mostra outra realidade: o consumo se ampliou como foco principal também para o público entre 40 e 50+, que hoje concentra renda, tomada de decisão e presença digital de forma expressiva.

O grupo representa a nova classe de consumidores estratégicos: financeiramente estáveis, tecnologicamente ativos e culturalmente participativos. Em vez de buscar rejuvenescimento, buscam autonomia, relevância e experiências significativas. Ignorar esse movimento é ignorar uma das maiores transformações de comportamento da última década.

O novo retrato do poder de consumo

Os dados reforçam a mudança. Segundo o IBGE, o Brasil caminha para ter mais pessoas acima dos 40 do que abaixo dos 25 nos próximos anos. A faixa de 40 a 59 anos já responde por cerca de 40% da renda ativa nacional, segundo a NielsenIQ, e movimenta setores como turismo, tecnologia, saúde, estética, investimentos e bem-estar.

Além do poder econômico, há outro fator decisivo: o digital. Pesquisas do Google Thinking indicam que 87% dos consumidores 45+ são ativos em redes sociais e 70% realizam compras online regularmente. São usuários que dominam ferramentas digitais, mas valorizam marcas que ofereçam clareza, eficiência e propósito.

O cenário demográfico global mostra uma virada. Segundo o IBGE, em menos de 15 anos o Brasil terá mais pessoas acima dos 40 do que abaixo dos 25. E não é só quantidade: é qualidade de consumo.

  • Mais poder de compra: o público entre 40 e 59 anos concentra cerca de 40% da renda ativa no Brasil, segundo a Nielsen.
  • Mais tempo de vida útil: vivem mais, trabalham mais, consomem por mais tempo.
  • Mais presença digital: 87% dos consumidores 45+ estão ativos em redes sociais, e 70% fazem compras online mensais.
  • Mais autonomia: essa geração não consome por influência consome por identificação.

A economia da longevidade movimenta trilhões de dólares no mundo e cresce duas vezes mais rápido que a economia global. Ignorar esse público não é apenas um erro de percepção é um erro estratégico de mercado.

Por que o foco exclusivo nos jovens já não é mais suficiente

O discurso do “marketing jovem” começa a perder tração porque não reflete mais a diversidade etária da economia contemporânea. A promessa de juventude eterna cede espaço a uma narrativa mais realista e, ao mesmo tempo, mais aspiracional: a da longevidade ativa.

Esse público redefine o consumo de forma racional, porém emocionalmente engajada. Busca qualidade, conveniência e autenticidade. Deseja ser representado em campanhas sem caricaturas e rejeita abordagens que associam maturidade à limitação.

Na prática, o erro não está em falar com jovens, mas em falar somente com eles. O crescimento sustentável exige amplitude de diálogo e adaptação da mensagem a diferentes ciclos de vida.

O perfil da nova geração 40 – 50+

Os consumidores maduros compartilham um conjunto de comportamentos que os tornam um público de alto potencial estratégico:

  • Valorizam o tempo e a eficiência: priorizam marcas que simplificam a vida e entregam conveniência.
  • São digitalmente competentes: compram online, testam novas tecnologias e buscam informação antes de decidir.
  • Investem em autocuidado e experiências: a estética, o bem-estar e a qualidade de vida são vistos como parte do estilo de vida, não como luxo.
  • Buscam representatividade real: respondem a marcas que comunicam diversidade etária de forma natural, sem forçar rejuvenescimento.

Esses fatores configuram uma geração que combina estabilidade financeira, repertório cultural e abertura para o novo, uma combinação rara e altamente estratégica.

Implicações para a comunicação e o marketing

Para acompanhar essa transição, marcas precisam revisar seus códigos de comunicação, design e experiência. O marketing voltado apenas à juventude tende a restringir o alcance e reduzir o ciclo de relacionamento com o cliente.

Entre os principais ajustes observados nas marcas que lideram essa transformação estão:

  1. Narrativas amplas e autênticas: substituição do discurso aspiracional pelo de identificação e propósito.
  2. Representatividade etária consistente: campanhas com diversidade de idades em contextos reais de uso.
  3. Produtos centrados em bem-estar e longevidade: foco na funcionalidade, conforto e saúde integral.
  4. Design de experiência inclusivo: linguagem clara, navegação acessível e interação fluida, especialmente em ambientes digitais.
  5. Tom de voz equilibrado: comunicação inteligente, sem euforia, mas com empatia e clareza.

Esses ajustes não significam abandonar a inovação, mas reposicioná-la em torno da pluralidade. O futuro das marcas está em dialogar com todas as fases da vida e não em restringir-se a uma só.

Exemplos e movimentos de mercado

Algumas marcas já vêm se destacando ao adotar uma visão mais ampla de público e propósito, separamos algumas para você conferir:

  • Natura: ampliou o conceito de beleza inclusiva, com foco em autoestima e autenticidade.
  • O Boticário: reposicionou campanhas para incluir representações de maturidade em contextos de cotidiano.
  • Spotify e Netflix: segmentam conteúdos por estilo de vida e não por idade cronológica.
  • Setor financeiro: fintechs e seguradoras vêm adaptando produtos e interfaces para o público maduro digital.

Esses movimentos mostram que longevidade e inovação podem coexistir, desde que o olhar seja voltado para comportamento, não para idade.

Campanha do Boticário com público multigeracional.

Framework de reposicionamento geracional

Por aqui na CH, identificamos três pilares fundamentais para marcas que desejam se adaptar a esse novo panorama:

  1. Narrativa – reposicionar o discurso para refletir pluralidade, propósito e autenticidade.
  2. Estética – atualizar identidade visual e tom de comunicação, integrando diversidade etária com coerência.
  3. Experiência – desenvolver produtos e jornadas que unam eficiência, bem-estar e significado.

Esses pilares permitem alinhar propósito, design e performance, criando um posicionamento de marca relevante para todas as faixas etárias sem perder foco de mercado.

Conclusão: o futuro é multigeracional

O mercado está amadurecendo, e as marcas precisam acompanhar essa curva. A faixa 40 – 50+ deixou de ser um grupo de transição e passou a representar o novo núcleo de consumo e influência.

Entender esse público é mais do que uma ação tática é uma estratégia de sustentabilidade de marca.
A longevidade, antes vista como desafio, tornou-se uma vantagem competitiva para quem souber interpretá-la com sensibilidade e precisão.