A presença das marcas se fragmentou em centenas de canais, do feed ao assistente de voz. Entenda por que garantir que sua identidade seja coesa em todos os pontos de contato — on, off ou imersivos — é o único caminho para construir autoridade 

Em 2025, o branding deixou de ser uma atividade meramente estética para se tornar um valor estratégico que se constrói, ou se perde, diariamente. O consumidor de hoje transita constantemente entre redes sociais, aplicativos, e-mail, lojas físicas e experiências imersivas, tornando a jornada de compra cada vez mais fragmentada. 

O branding é, fundamentalmente, sobre essência, conexão e posicionamento, indo muito além de logotipos, núcleos e tipografia. Um ecossistema de marca é a soma de todas as promessas da marca, das experiências que ela entrega, da consistência e da relevância percebida pelo público em cada ponto de contato.

O caos das multiplataformas surge quando sua marca falha em manter a mesma identidade e promessa em todos esses canais, transmitindo o que chamamos de “ruído estratégico”. Marcas que conseguem alinhar intencionalmente o propósito que declaram e a prática que executam são as que geram autoridade, confiança, e podem aumentar a receita em até 20-33%.

A matemática da coerência: por que a inconsistência custa caro

No ambiente digital volátil, a consistência não é um luxo, mas o principal alicerce da credibilidade. A confiança se constrói com coerência: o que se diz, diz-se sempre; o que se promete, entrega-se. A inconsistência narrativa e prática corrói o valor da marca e leva a um rápido descrédito.

O desafio estratégico não está em estar em todas as plataformas, mas em garantir que cada canal fale a mesma língua e entregue a mesma experiência. Isso é a base do omnichannel: o cliente espera continuidade, sendo reconhecido em qualquer ambiente, com o histórico de interações mantido e as mensagens adaptadas ao canal, mas com a identidade central intacta. Para isso, é crucial:

  • Ter uma base sólida: seu site deve ser a representação do cuidado com a sua imagem na internet, a base onde o cliente busca segurança e validação.

  • Alinhar discurso e entrega: o público precisa identificar, na linguagem e na identidade visual, a promessa de melhora de experiência. A comunicação precisa ter foco na solução e utilidade percebida, aplicando a “empatia estratégica” em vez do discurso autocentrado.

Aplicando essa coerência, é possível analisar alguns dos nossos próprios cases que resultaram em uma narrativa consistente em diversos formatos. Trabalhando com clientes como Straumann e Posigraf, a CH integrou Design e Performance Digital para garantir que a essência da marca seja traduzida em um visual claro e impactante. Nosso objetivo foi construir uma narrativa coerente (do digital ao off) focada em eficiência e resultado.

Expandindo a identidade: a consistência nas experiências imersivas

O crescimento de experiências imersivas exige que o branding vá além do logotipo e da paleta de cores. A personalização é a nova base do relacionamento, e as marcas precisam expandir sua identidade para o sensorial:

1. A voz da marca: Sound Branding

Com a ascensão de assistentes de voz, vídeos curtos e o consumo multitarefa, o som deixa de ser complemento para se tornar pilar estratégico. O Sound Branding cria uma conexão emocional imediata e memorabilidade instantânea. Pense no “tudum” da Netflix ou no “tan-tan” da Intel. Antes mesmo de ver o visual, você reconhece a marca. A consistência sonora deve se manifestar em jingles, trilhas de vídeos, notificações em apps e até no tom de voz em sistemas de IA conversacional.

2. Design em movimento (Motion Design)

Interfaces digitais exigem fluidez e clareza. O design em movimento, como as micro interações e animações sutis, transformou-se em um ativo estratégico que guia, conecta e encanta o usuário. Uma interface com transições consistentes é percebida como mais confiável e moderna. O movimento deve ser funcional: ele deve dar feedback (cada ação precisa de uma resposta), garantir transição fluida e fortalecer a narrativa da marca.

3. Visual storytelling e experiências

O visual storytelling usa cores, movimento, tipografia e composição para comunicar significado e intenção. Um estilo visual consistente em todos os canais (site, social, UX) reforça o reconhecimento e a autoridade. A Apple é um exemplo clássico de marca que mantém a mesma linguagem visual de inovação e simplicidade em seu comercial, site ou interface de produto. Para ideias complexas, nossa equipe usa ilustrações originais, que funcionam em múltiplos formatos (site, redes, embalagens), para construir uma “voz visual” que reforce a identidade de forma consistente.

Checklist estratégico pela CH: 4 passos para um ecossistema coeso

Para construir um ecossistema de marca coeso em meio à complexidade das multiplataformas, sua marca precisa ter disciplina de execução para eliminar o “ruído estratégico”. Separamos 4 passos que te guiam neste caminho:

1. Priorize a estratégia, não somente a estética

A correção exige a inversão da prioridade: a estratégia deve sempre preceder a estética. Defina o propósito, os valores e o posicionamento de mercado (o lugar único na mente do consumidor) antes de desenhar o logo. Implementar um arquétipo de marca claro é fundamental para guiar a personalidade e evitar variações de discurso.

2. Crie um guia de marca vivo e acessível

O guia deve ir além das regras de logo e tipografia. Ele deve detalhar diretrizes de tom de voz, tratamento do cliente, posicionamento em crises e o alinhamento do discurso de vendas. Isso é essencial para garantir que a promessa da marca seja entregue de forma coerente em todos os ambientes, do e-mail marketing (um canal rentável e pessoal) ao atendimento conversacional via IA.

3. Mapeie a jornada e audite a consistência

Mapeie a jornada completa do cliente para garantir que cada ponto de contato reforce a mesma promessa central. É vital estabelecer uma supervisão que audite ativamente todos os pontos de contato (digital, físico, atendimento ao cliente) para eliminar o “ruído estratégico”. Considerando a rápida evolução do mercado, institua um ciclo de auditoria de marca a cada 18-24 meses para reavaliar a relevância do posicionamento frente a novas tecnologias e concorrentes.

4. Transforme propósito em performance

O branding eficaz não fala sobre a marca, ele mostra o que resolve. O público quer ver: “o que você faz por mim?”. Empresas como o iFood e a Magalu transformaram suas marcas ao alinhar intencionalmente a conveniência, traduzindo o discurso de “facilitar a vida” em UX intuitivo e prazos menores. O alinhamento de propósito à utilidade cria a autoridade da marca baseada na confiança e na utilidade percebida.

Conclusão

Em um cenário de atenção fragmentada e multiplataformas em constante evolução, a força de uma marca não está em estar em todos os lugares, mas em ser coerente em qualquer lugar. 

Ecossistemas de marca bem construídos não buscam onipresença, e sim reconhecimento, confiança e continuidade de experiência, independentemente do canal. 

A consistência deixa de ser um detalhe estético e se consolida como um ativo estratégico mensurável: marcas que alinham discurso, experiência e entrega constroem autoridade de forma silenciosa, enquanto aquelas que operam de forma fragmentada geram ruído, diluem valor e perdem relevância. 

Vencer o caos das multiplataformas, portanto, é sustentar uma identidade clara em movimento, capaz de evoluir sem se contradizer, escalar sem perder essência e se adaptar sem comprometer significado.